amor da minha vida

Sol Ipanema 1979 Photo L.C. Varella
Pai ideal +mãe ideal = Onurb Bruno. Anagrama e um irmão gêmeo: Onurd.
É uma longa história...
Thriller psicológico macabro, minha vida.
Nasci. Pasquim, perseguição, tortura. 1964 Nem em Ilhéus, nem em maio. Só em junho, só em Salvador.
Não se trata de salvar o mundo, nem ser o herói das favelas complexas, picos do ibope, nem discussão com o Bope. É a história que vai para dentro, sai do mundo exterior e ganha a si. Recuperação de uma personalidade esfarelada. Moi.
Maltratada, abusada, preterida e desprezada que está tentando se salvar. Uma boa ideia resgatar a vida daqui pra frente, a fruta madura, mais saborosamente suculenta. Tijolo por tijolo da autovalorização. Filha de Deus que vale a pena. Leve como uma pena, deixa a vida me levar. Tinha um lado doce, mas comi.
Na companhia de um cachorro e dois beija-flores no ninho que ainda não voam é o máximo de socialização alcançada. Eles montam o lar em jatos de cagadinhas. Do tamanho de uma mão nascem dois bichinhos menores que uns polegares, indefesos e suportam tempestade e sol direto. Tem gente que tem filho, tem gente que tem família, tem gente da Globo e tem eu. Vivo a ternura de filhotes pássaros, a liberdade para o quê e quem desejo, sucesso no SBT. Tá ótimo! Segunda é o papel que melhor me cabe, com categoria, volta por cima, só os resilientes reconhecem. Diz que a alegria do bronze é maior que a prata, pra mim não, prata é ouro! Por isso o nome adotado. Experiência divina da vida. Viver basta. Nem perpetuar DNA me presta. Vamos combinar que é o antifluxo da sociedade. A antítese de Darwin. Minha espécie não quer melhorar, ela pertence ao mundo das ideias, planeta Arte. Interpretar. O tal do sutil. Éter e matéria escura só o que se sabe por enquanto, há mais. Como se meu multiverso (universo é para iludidos em lei) fosse pleno dessa opinião. Viver é. Celebrai. Quando minha nave vier me buscar, contarei viver pertencente, suportável e tolerável aos meus irmãos de espécie. Desculpa mundo, Hollywood, Brasil, Rio de janeiro, Arpoador, tentei, adoro vocês, mas minha verdadeira felicidade está no amor. À tudo.
A pessoa que me pariu conta que fui cuspida e nasci enrugada, pois passei da 36ª semana e o médico falava com sotaque do sul da Bahia “só nasce quando Deus quiser”. Ao descer do avião foi para a maternidade, o hospital era o espanhol ou o português, Bahia foi muito colonizada. O Brasil era terror e qualquer lugar menos paranóico, com ancestrais, seria propício.
Dias depois estava tão ruim, que ela pensava em se matar, enquanto caminhava comigo no carrinho e a outra filha, a estrela da situação por estar com bronquite. Como eu sei desse desejo suicida homicida e uma criança doente em meu nascimento? Ela me contou.
Navio - Rio. Flamengo no bairro e no time. Uma vizinha com lábio leporino, lembro, falava ‘amor’ pra mim. Amor. Não foi ‘mamãe’, foi amor. Minha primeira palavra: amor!  Balançava sozinha no carrinho, me ninava menina. Lembro-me de tentar andar e desequilibrar. Enquanto ela tentava me alimentar a primeira filha falava:
“-Você não quer não, né?”
...Cobiçar a papinha alheia!
 Laços fraternos não me foram ensinados. Bater no peito e sentir: irmã. Não. O pediatra Dr. Julio que disse: -‘tem alguma coisa que ela goste?’. Cachorro quente do Geneal. Uma malinha verde com roupinhas de boneca que me acompanhava a qualquer lugar e estava tudo certo! Vida dupla: em casa muda e na escola colega.  Tinha TV. Regina Duarte. Homem na lua. Infância.
Um personagem como a mãe de ‘Frances Farmer’, a do “Cisne negro” e mais exatamente “Proibido amar” do Neil Simon. ‘Mamãesinha querida’ Joan Crawford ‘Que fim levou baby Jane?’ Se incluirmos a simbiose com minha irmã. Essa é a minha mãe. Não a sua amiga, sua parente, da outra filha, ou quem você conhece. Essa é a experiência que nós proporcionamos uma a outra, a filha que não lhe satisfaz e a mãe patológica.  Família (palavra tóxica na minha psique) disfuncional. O público gosta de ver sangue jorrando e já perguntam na maldade, tendo em mim um alvo fácil para descarregar suas frustrações. Bem franca: deixei de ser. Se pergunta é porque está interessado, então vai ouvir e se limpar depois! Punk. Se quiser minha amizade, terá que arcar com minha história. Abstraia da sua percepção maternal. Aceite o fato e azeite!
Vou pelo caminho da ciência, narrar cenas e a matemática das propriedades. Quanto a mim, só quero me livrar das inimigas (beijinho no ombro) porque com uma ‘família’ como essa, não preciso de inimigos! ‘Mãe’ esta palavra soa como nervo exposto! Não se sinta constrangido ao ler, ela não se sentirá, não é bipolar. É polar.  Uma dose mensal de veneno antiafetivo que me coíbe e proíbe de ser querida, renitente em me ferir. Pelo sangue, concluo que mãe judia não é mesquinha com o dinheiro, a falta de doação é afetiva. “Depositei, hoje, dinheiro na sua conta.” Frio... Nunca pedi. Email. Nem oi nem att. Trocava por um abraço...! É assim. Sempre foi e não cessa.
Posso dar um perdido e não procurar por um ano... Nem telefona, nem pergunta porquê, não dialoga e óbviamente: não sente minha falta!
 Nosso último diálogo:
-Para que passar o natal juntas se ele não tem significado algum pra você?
-Nenhum.
-Então pra quê?
-Tem o significado do afeto.
-Mas você não tem afeto o ano inteiro, vai ter no natal?  Mas, acho que não tem afeto nem por si mesma.
-É.
Penso que quando ela ler este texto vai ficar muito orgulhosa como escorpiniana bem sucedida. Sinto. Sou carente. Me dói. Aprendi os mecanismos para ser forte apenas.
Observo mulheres que perderam a mãe cedo são admiráveis: Madonna, Frossard, a Patricinha de Beverly Hills, Cher. Ao mesmo tempo vejo pessoas que são plenas porque tem um suporte e estrutura emocional como a Gisele Bundchen fala de seu pai que lhe disse ‘quem tem nariz grande, tem personalidade’. Fernanda Torres instrução. Ser artista, sobreviver.
 Não sei as outras, mas a minha, é um ralo sugando para o buraco negro e sair viva desse rodamoinho é nadar contra a corrente da sociedade que pôe açúcar ao falar das procriadoras. Na cracolandia tá cheio de mulher grávida! Contexto neurótico de desamor é o diagnóstico e o paradigma. Eu não pedi pra nascer e não pedi mais nada! Só: pára de agredir me deixa ser feliz! Tormento! Leva sua faca que está enfiada nas minhas costas pra lá! Estou ferida chega! Agora basta de afastar toda alegria de mim! Entendi já, aos quatro anos você preparou toda uma festinha com brigadeiro na mesa, bolo e balão e “esqueceu” de convidar meus amiguinhos. Obrigada pela festinha de aniversario sem convidados, a infância agradece! Ganhou. Feliz?
Pesadelo. Pesadelo. Pesadelo. Toda noite. Espectros ectoplásmicos. Peguei o livrinho de catecismo da minha irmã e aprendi a rezar o ‘Pai nosso’ sozinha. Lia até afastar aquela sensação de medo. Ouvia pessoas brigando sem som, embutido. Guerra fria. Na escola não frequentava a aula para a comunhão, pois eu era de outra religião, então ficava sozinha no pátio. Burlava essa lei e assistia a freira estilo cisterciense que não fechava as mãos em oração, devia ter artrite. Meu aniversario de 11 anos elas batem de carro na vitrine da KLM. Aos 14 me isola da escola e dos amigos, ok Europa, gracias, mas aos 14 anos (!) só queria adolescer, não ficar ilhada num inverno madrilenho morando em hotel, sem nem colégio pra ir, só ballet. I Love ballet! Acho uma idade bastante cedo para se suicidar não? Polaramine em quantidade não mata. Te presento la depresion, Giovanna. Daí calcula até onde fui nos relacionamentos dedo podre e nas fileiras e carreiras e carro no poste...
Aos 16 meus pais se separaram e foi um alívio. Discussões silenciosas cessaram. Meu pai à La carte era mais interessante, tínhamos assunto, clássicos do cinema, livros, joie de vivre. Aguentei morar na casa de minha mãe até os 18 anos. Daí fui me aboletando na casa dos outros. 19/20 NY-TOKIO-NY-RIO-SP. Modelo, atriz, garçonete. Até ‘Pantanal’.  Assim que recebi meu primeiro salário comprei um telefone, uma linha de telefone! O segundo pagamento dei de presente para minha mãe um vídeo achando que assim ela poderia se orgulhar da minha conquista. Ainda acreditava que o problema era meu.
Fica difícil de esconder um segredo emocional deste porte e ser elegante... Separação porque não tenho inteligência emocional, amiga se afasta “não sabendo lhe dar com minha sensibilidade” ou ter que ouvir do outro marido “você só está comigo porque ninguém te quer”. Não era verdade. Sou isso mesmo. Tanto que valorizo amizade como bem maior. Ouvi, aceito e azeite. E quer saber? Gordura. Relacionamentos lipídeos . Melhor sem. Eu com eu sou ótima. Eu me amarro em mim. E hei de encontrar um jeito de me livrar dessa persona. Me afasto de quem não me faz bem. Só vou a festa que sou convidada. Prefiro a sanidade a vulgaridade. Vou tentando acertar e com certeza se me comprometo, dou meu melhor.
Minha dor é tanta que preciso escrever botar pra fora, contar, externalizar, vomitar, pegar o boi pelo chifre até derrubar, tombar o problema. Deixar entrar a luz que mereço e que recebo. Essa é a história: o maior gesto de amor da minha vida. Doutor, Mestre, Anjo, Arcanjo Paivogado Onurb Bruno. Então. Continuo?
 Lá pelos anos 90 estava casada, um dia, a mãe me diz para procurar um apartamento para que pudéssemos morar. Procuramos meses, encontramos, fomos duas vezes, ela gostou, ela marcou de fechar o negócio e ela não me ligou mais! Passado semanas ela havia comprado uma coberturinha muito simpática pra ela em Teresópolis. Abuso de bad vibe. Energia jogada fora, ilusão, decepção, desconsiderado, desrespeitoso, expôs que eu não valia a pena. Meu ex tinha razão: não tenho inteligência emocional.
Ok. Sempre me banquei. Já precisei, já emprestou, já deu, já pagou penhor não é essa questão. Sobre acolhimento o assunto. Pais não devem ajudar os filhos? Não pedi apartamento, ela me ofereceu.
Anos depois, marido dois. Acompanhei essa pessoa que se intitula ‘mamãe’ para ver um apartamento na Paula Freitas, “mas ela não sabia qual filha ia morar”. Um dia voltando do hospital onde meu pai estava internado e sequelado do lado direito, escuto um recado na secretária eletrônica, minha irmã, filha dos mesmos pais e mais velha, outrora longinquamente minha ídala: “-Já temos aonde cair mortas!”. A filha mora lá até hoje! Monte de Lexotan não mata. Meu ex 2 tinha razão: eu só estava com ele porque ninguém mais me queria.
 Juntei todas as fotos de minha vida onde estamos minha mãe e irmã, desde criança, para ter certeza da minha dificuldade em admitir que existia um problema. Imagens falam... Considero saudável não saber onde guardei este álbum... Tão fácil ver! Ao menos o problema não era meu.
 Conjecturo se esta relação que ela tem para comigo, seja uma projeção do meu sangue baiano, bizarro como se refere a minha família paterna, pela tensão sentida com o marido que escolheu
   A doença de meu pai resultou numa entrada para uma estelionatária psicopata cizânia que além de roubar, afastou as irmãs, do segundo casamento de meu pai com a juíza. Eles eram um casal muito prestigiado no meio jurídico, ele como mentor e a Dra. brilhou como ser humano amoroso julgando o ‘caso candelária’ ao sentar ao lado da testemunha uma menininha de 10 anos. Foi raçuda com a polícia de Vigário geral. Justa até com Guilherme de Pádua. Claro que essa energia trágica selariam seu destino, junto vem os parasitas, foi o caso. A parada dessa advogada podre que se apropriou da minha família de sangue e coração, foi tão brabeira, camaradagem do alto escalão jurídico como Siro Darlan, Paulo Salomão contra mim, eu, filha legítima, que escrevi um livro chamado “O poder da palavra”, intitulo no sentido de quem tem palavra, um aperto de mão tem significado, ética e caráter, isso que meu pai me passou, é bom ter. Imprimi alguns livros, dei um pra minha mãe, que lamenta não ser citada. Dr. Onurb amigo de meus pais desde os tempos da faculdade pediu pra ler. Meu destino mudou. Por isso escrevo agora, já acertei uma vez.
Peguei minhas coisas desse finado casamento e vim embora da Argentina para Copacabana. O apartamento não era da minha mãe? Tenho o direito? Não havia me dado à chave? Entrei.  A primeira ofensiva física: segundo dia. Soco no nariz já tomou? Aquela sensação das estrelas e a mão pra ver se saiu sangue. No terceiro dia: se vier me defendo! No quarto dia: terapia de família. Fomos as três. Nada. O apartamento era dela minha mãe, mas, quem morava lá era minha irmã. Entendi que tudo era culpa das “coisas de Giovanna” e que eu respingava molho de tomate na parede! Até hoje não sei qual a razão pra me tratarem com tanto ódio, a não ser a falta de bom senso delas e o egoísmo a nível doentio.  Tenho pena. 2 a 1... Lamento, perderam a oportunidade de conviver com uma pessoa de ouro!
Resisti lá até minha irmã conseguir uma bolsa anual para fora do país. No dia seguinte que ela viajou, me mudei pro meu pai também. Propriedade nº3 Copacabana vazia. Já lá em Ipanema ela me liga pedindo “encarecidamente para economizar no gás que tinha saído muito caro: 12 reais!” Então informei que já não estava mais. Quando contei ao meu pai a situação ele me disse: procura um apartamento que eu vou te dar. Tipo: você não merece ser tratada assim. Aí afirmei que o problema não era meu mesmo!
Terapia e medicada, nos anos 2000 ela inventa de ir à minha psica dizer que “comprou um apartamento em frente ao dela, no mesmo prédio, e iria me dar o dinheiro do aluguel porque Deus me livre eu morar lá!”. Aliás um clássico marcarem consulta com minha psi. Sim, minha irmã também costuma procurar, pra dizer que sou alcoólatra. Sou? Você acha? Atração hipocondríaca pela negatividade.
O terrorismo faz minha pressão ir a 16 por 20! A janela do décimo andar me pareceu a solução ao ouvir mais agressão. Foi forte em me impedir de pular. Impulso não mata. Vergonha quando me lembro da empregada, testemunha de uma cena horripilantemente e o desejo verdadeiro de querer morrer pra me liberar dessa tortura psicológica.
Então, ‘lar’ me significa mais que um teto. É amor próprio. Me permitir ser querida. Aprender a ser social. Valorizar minha vida. Acariciar meu cachorro. Ir pra luz. Pela beleza. Limpar meu coração. Apagar o pecado que é a tristeza, desperdício de alegria. Agradeço e valorizo minhas coisas, minhas qualidades e cuido das amizades, apesar. Aproveito aonde é fértil. E desapego tlec! Jogo tudo fora. Me feriu? Tchau. Foi besta comigo? Quem quer? Pode levar. Puro. Prefiro meu peito assim. Tem quem goste de mim.
O apartamento que meu pai havia comprado na Lagoa para mim, e ele foi o último a saber, através da 171 que se apropriou das contas, das chaves, dos enfermeiros, da alma das minhas irmãs com documentos como ‘escritura declaratória’, Testamento falso... Laudo que tirei com a neurologista dizendo que ele era incomunicável na mesma data: laudo 19,  testamento 21, tomamos providencias depois que coloquei ela porta afora. Até hoje se pleiteia a inventariante, ainda. Descobri nessa época, quando precisei levantar toda a documentação patrimonial de meu pai. Li que ele havia deixado 25% do apartamento que minha mãe mora para mim, 25% para minha irmã e 50% eram da minha mãe.
Meu pai quis me dar é aqui que vou morar! A advogada estelionatária fez de tudo para que eu não ocupasse a Lagoa vazio, um ano! Entrei com um chaveiro. Troquei o segredo. Esse imóvel que tem um IPTU e condomínio bem alto, padrão: salário de juiz, engenheiro, diretor de hospital... Não conseguia bancar, depois que meu pai morreu o inventário se responsabilizou pela dívida. Morando aqui, uma vizinha me disse: ‘Giovanna, eu não seria sua amiga se não te contasse que o apartamento do seu pai vai a leilão e quem colocou não foi o condomínio, foi sua família’. Bandida em ação.
Houve então uma reunião no escritório Dr. Onurb responsável pelo inventário. Minha mãe não parava de chorar, até hoje não sei qual o porquê, mas já que ela se sentia tão mal, era melhor ir embora, afinal este assunto não lhe dizia respeito: apartamento que meu pai comprara pra mim que iria a leilão, apesar de ser fora da minha realidade, o assunto era das P.S. apenas! Era melhor sair da reunião... Para minha irmã era uma ‘energia ruim’ melhor se desfazer, entrega logo... Lembrando que o ponto alto da vida dela foi a atuação em “oDibuk”, lenda judaica sobre espíritos malignos que o personagem dela encarnava. Assim: ‘energia ruim’ e eu na rua! Dr. Onurb sensatamente disse que o ideal seria arrematar no leilão. Se minha mãe teria dinheiro para isso... Ela disse que sim, teria.
Nada que eu soubesse o que fazer segui com minha rotina. Perguntei para dois próximos se teriam o dinheiro. 400 mil. Não ofendi. Ao fim da aula, com minhas colegas e professora como testemunha, toca o telefone, alo. Alo. Dr. Onurb gostaria de falar com Giovanna. Pois não. ‘Giovanna querida, arrematei o apartamento e você fica morando como se fosse do seu pai.’ Meus joelhos dobraram chão.
MAIOR GESTO DE AMOR DA MINHA VIDA!
Minhas amigas não acreditaram e comemoramos muito. Uhuhuhuhuhuuu! Liga ou não liga? Liga vai.
 –”Mãe, sabe o que Dr. Onurb fez”?
-O que?
-Arrematou o apartamento.
- Alguém iria fazer.
Década morando aqui, como se fosse do meu pai. Procurei meu mentor espiritual e disse que era difícil honrar os pais, no meu caso. Ele me respondeu, “apesar de ser padre e te dizer isso, mas: afaste-se! Amor é uma via de mão dupla.” Foi a única pessoa que expressou cumplicidade ao meu sentimento. Fechou comigo.Também marquei com a antiga terapeuta de família que me aconselhou igual: “afaste-se! Seu caminho é outro”. Essa é a minha real: sozinha. Não tenho dózinha de mimzinha. Apenas estou só, a cada natal,doença, projeto, ou não. Contra o mundo. Porque o clube das mamães é fortíssimo e inflexível quanto ao apego do texto ‘amor incondicional’.
Uma tarde eu e minha irmã estávamos no escritório dele para ver uma questão de documentação. Propus que: se concluíssemos a divisão e o apartamento ficasse apenas para nós, se ela concordava em ficar com os meus 25% do qual minha mãe habita, em troca dos 50% da Lagoa, o qual eu vivo, caso ganhássemos o litigioso. Já que ela mora num imóvel da minha mãe e tem tudo pago, conta conjunta, condomínio, faculdade e agora curso de artes.
 E ele:
 -que 25%?! Veja você... Ela escondendo o jogo! Quatro imóveis! Se eu soubesse disto teríamos que ter colocado no inventário, agora deixa quieto.
 Neste mesmo dia ele se referiu à advogada 171 que ela tinha feito muita maldade comigo! Fez, não fez? Fez sim muita maldade. Reconfortante uma testemunha, amortece a amargura.
Anteriormente, a esposa do Dr. Onurb fizera uma pergunta e mãe se sentiu constrangida. Me chamou para almoçar no Shirley para que não tivesse cena e falou pra eu sair do apartamento dele, que ela me daria o dinheiro do aluguel do 901.
-Você me trouxe aqui porque está encabulada???
Depois desse cuidado com minha pessoa, como teve Dr. Onurb, e têm, não posso me dar ao luxo de enlouquecer, então comecei a prosperar! A vida me sorriu e me apresentou um projeto lindo cheio de ternura e que falava sobre REJEIÇÃO. Kkk! Conheço bem o assunto. Me despedi do Rio já em SP. Feliz da vida! Um dia uma colega disse sim ela era uma pessoa que tinha comprado apartamento na caixa com cem mil. Como? É possível? Nunca cogitei. Mesmo sendo freela? Sim sim. Então pensei que: eu tenho uma propriedade. Mas, nunca havia imaginado que era de meu direito. Se vou pegar empréstimo na CEF de 100 mil, porque não capitalizar o que me pertence? Então pedi ajuda ao Dr. Onurb que me ensinou o que fazer, paguei os impostos e intercedeu junto a ela. Economizo no drama, ok? Apeguemo-nos ao lado bom da história. Ela comprou a minha parte. 275 mil. Uhu! Sim, poderia não ter comprado... Era direito dela também. Mas, acho que a essa altura ela já sentia embaraçada com ele. Meu apartamento vai se chamar “Shirley” em homenagem a minha parceira de trabalho que me inspirou a ser adulta! Welcome to Shirley!
Morando no Paraíso e labutando com os anjos, meu nirvana chegou ao fim, tentei ficar em SP... Me sinto cuidada lá pelos feirantes, dono da loja, pelos vizinhos, pela turma da piscina... E me sinto maltratada no Rio. Simples assim. Se eu não vivo mais o personagem, se eu não estou professora de yoga, o que eu sou? Minha única certeza eu sou é Flamenguista! Sem trabalho, sem ar e pouca água, prefiro ir pra praia...  E se... Telefonei pro meu anjo da guarda e perguntei da possibilidade de voltar. “Quando arrematei o apartamento, foi pra que você sempre morasse aí.” Uhuuu! Estava vazio e o neto dele usava as terças e quartas pra dormir, mas que ele ia avisar, chave tudo certo? Cheguei. “sempre morasse aí.” Na segunda noite estou dormindo, meia noite a porta se abre, nhéeee, cachorro late, eu nua empurrando os varais contra a porta. Quem tai??????? Calma! Sou o neto do Dr. Onurb! Filme de terror e situação desagradável. Ele ficou puto. Com toda razão.
Vi meu horóscopo que dizia dia 6 de outubro: não é o dia de pedir favor, abordar VIPS, propor projetos. Eu estava com a chave na mão indo para o centro quando o telefone tocou de lá. Conexão espiritual, multiverso, educação, respeito e consideração sincronizada... Iria mais devagar, pelo que o signo falou, mas não teve como, taxi. Super sem jeito de meu não jeito de ser. Mas, já havia pensado tanto sobre (“...sempre morasse aí.”), que propus, mal conseguindo falar.
 –Fala. (Amorosamente.)
-gostaria de saber se é possível uma documentação que me permita morar, como usufruto, como uma “escritura declaratória” por exemplo, (em menção ao modus operandi descrito no ‘O Poder da palavra’). Em troca eu dou o que tenho, sabe o valor, que apliquei do jeito que o Senhor me sugeriu. Depois que eu morrer o apartamento volta pra sua família.
-Não vou fazer isso não. Você fica morando lá. Pago tudo. Você procura o seu para comprar e durante o carnaval fica livre para minhas netas de SP ocuparem, podemos combinar assim?
-cccClaro!
Ainda piorou quando fui saindo atônita e coloquei a mão na maçaneta, ele se adiantou.
-Sou supersticioso.
(E eu uma tonta!)
A pergunta que não quer calar não é porque minha mãe é tão má comigo, a pergunta é: porque ele é tão bom?
(a lôka)
 Na comunidade do Humaitá era uma casa que a D. Maria ficava conversando com a dona de onde eu estava, centímetros, dentro de suas devidas casas sobre doença. Na Cruzada eram sete andares sem elevador tive um insight das pessoas que vivem como micróbios. Vi um bem tchuquinha na Voluntários. E o pior foi o da praia de botafogo apartamento 640 tipo 60 por andar! Guardei a foto para usar pro meu psi., aquele corredor cheio de portas... Infinitas portas... Inferno mental! Uma fila para o único elevador, medida de economia. Cigarro.
-Você anda com essa bicicleta por aí?
- Ando, por quê?
-Aqui não uso nem celular, só tem pivete.
Não mereço. O dia que surtei foi o da ladeira saintRomain porque passei pela Nascimento Silva e me senti saqueada. Cobertura com piscina aqui, três quartos ali. Uma amiga me chamou para almoçar e ela não entende. Só vejo o lado ruim da coisa. Minha mãe me ama. Complicado. Sou muito sensível. Sou sim, choro em enterro! Outra amiga se sentiu feliz por eu confiar nela. Poder ser eu e ter a minha verdade, é o que vale na amizade, creio.
Curicica! Adorei! Era só ter um contrato em uma das emissoras! Do lado. Uau! Era só o que eu queria! Roubada na Barra e me encantei com a ilha da Gigóia, voltei com uma amiga arquiteta/fengshui C. que mudou a dinâmica do lar, portanto da minha vida. Ela achou um deles bom.Tem o detalhe de ser uma ilha e ficar ilhado...! Pode ter nem Jet-sky, nem bote...Nem boia! Os barcos são dos locais. Monopólio. Para não falar milícia.
Como estava percorrendo a cidade de busum e precisava renovar minha carteira resolvi incluir categoria e entrei para uma moto escola... O horóscopo dizia que o comecinho de novembro era ótimo e o dia 5 é o dia de pedir favor, abordar VIPS, propor projetos. Fui ao downtown me inscrever para os treinos. Já que estava no bairro... Ligo para o escritório, talvez tivesse alguma pendência, dar um oi, beijo até, mas, não quero incomodar. Meu amor atende o telefone vamos almoçar juntos! Vou te levar num árabe. Gosta? Amo.
-COMO EU POSSO TE AJUDAR?
Não é uma frase mágica? Esfiha. Como você está? Kibe cru. Contei da minha preocupação da ilha da Gigóia, ele aprovou a documentação. Homus. Mostrei as fotos. Tabule. Comentei do leilão no Vidigal. Chá? Sua prima, musa do cinema nacional, mora lá no condomínio onde já passaram vários artistas. Gosto da construção duplex, a metragem é ótima além de ser edificado, diante das infelicidades que eu andava vendo pelo Rio e São Paulo.
-Vamos até o escritório para telefonar para o leiloeiro.
Trambiqueiro. Não esclarecia nada, eu apenas deveria me comprometer com ele. Já quando o Dr. Onurb ligou ele falou a verdade: interceptava. Na minha inexperiência nem sabia por onde começar, então ele, querido, telefonou para um leiloeiro amigo que o instruiu a pegar o classificado de domingo que teria todas as informações. Isso numa terça e o jornal lá nos esperando, na sorte! Dois dias depois, no Fórum, lance inicial 136 mil.
- Vai lá agora ver o imóvel, mesmo que seja por fora, pra ter certeza se é isso mesmo que você quer. Marca com minha prima.
Além de musa, corretora, disponibilíssima, me mostrou o prédio, um apartamento que estava para alugar e quais os artistas que moravam lá.
-Oi Otto! E esse táxi?
-Pode pegar. Seja bem vinda!
Ah! Sabe... Assim que é bom viver... Sendo querida!
Quando chegamos ao fórum o leiloeiro sorrindo disse
-não sei se chamo de Doutor ou de Mestre...
-chama de anjo...
-Mas ele é mais que anjo...!
-Arcanjo!
O amor da minha vida é amor de muitas outras vidas!
136, 137,138, 139,140... Tinha outro comprador... 147, 148,500, 150.
-Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. Vendido por 150mil.
Lágrimas de alegria e alívio.
-Você está chorando?!
(Ele não tem a dimensão!).
Levantamos e estávamos caminhando para o escritório do leiloeiro para efetuarmos o assunto e veio outro advogado alertando que havia um equívoco de 10 minutos. O horário anunciado era 14h10’. Gelei. Pediu mil desculpas, mas teria que releiloar, partiria dos 150. O outro comprador já até tinha me dado os parabéns. Putz! Não é que chegou outro outro dando lance?! Tudo de novo.
151 52 53 54 55 156! Cento e cinquenta e seis mil reais por um apartamento de 69m2 na zona sul. Com essa quantia você não compra nem um carro bom! Hihihi Dr. Onurb... Proeza. Enquanto estava sentada, agora sim, assuntando, passando cheque, assinando, gostei de mim! Vi-me de fora e achei muito legal tudo. A gente dando risada da piada do PHarmácia, Philco, Philips Futa que fariu tiraram a letra do alfabeto! Quão infeliz foi a escolha dos nomes que o pai dele deu aos gêmeos: Onurb e Onurd. Quantos mal entendidos já aconteceram! Na hora de votar, ter que provar que ele era ele mesmo... Ademais desfruto de uma companhia maravilhosa!
 Adulta. Digna. Capaz. Acolhida. Cuidada. Querida. Amada até! O que ele fez por mim é raro, não tem como agradecer, só em oração. Por isso meu momento é de carinho pela minha saúde mental e espiritual.
Só Love só Love só Love.
Beijo e obrigada pelo carinho.
Eu, Cleusa Souza.



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